quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

.13

Tenho fé. Mesmo que a forma em que a mesma se manifesta não seja a mais clara. e não deixe de ser dúbia. porque até o é. Tenho fé. que este ano de massacre seja relembrado para que não seja repetido. tenho fé. que dentro de mim existe um caminho a percorrer e que vou ser bem sucedida. não sei quando. mas irá acontecer. isso sinto. Tenho fé que esse trajecto se inicie em 2010. é o ano em que deposito as minhas energias. vou fazer para que seja diferente. porque na verdade não tenho outra escolha. Eu preciso de me salvar. Ninguém o fará a não ser eu própria. Sempre fui eu própria a fazer o que quer que fosse. Podemos apreciar os outros na nossa vida. mas só nós podemos agir. só eu me posso curar. salvar. mais ninguém. eu. 2010 será o ano da cura. o ano em que eu irei rejuvenescer. porque isto assim não é vida. é revisitar o passado. é relembrar-me como alguém que falhou perante quem não podia falhar. falhei-me. e isso não pode voltar a acontecer.

(Portanto, não é a pretensão de me fazerem feliz que irá resultar. não é apresentarem-se como alguém que não são. não é prometerem um mundo que não é vosso. não é apresentar o amor como um presente fácil de abrir. como que dado de bandeja. porque ao mínimo sinal de exagero. de superficialidade. de desdenho pelo sentimento. eu fujo. porque eu não acredito. portanto, na verdade não é algo pessoal. mas da incapacidade que eu estou a tentar resolver, que está lado a lado com medo. e o susto. o amor está num pedestal. não é uma coisa qualquer. não é transmissível porque sim. ou porque hoje acordei bem disposta. o amor traz o peso de ser único. é isso que o diferencia relativamente a outros tantos sentimentos. portanto, não ousem impingi-lo com publicidade enganosa. não ousem porque tem o efeito contrário. o amor em mim é um luxo. portanto, parem. em 2010 parem. porque eu não pensarei duas vezes em ir embora. sem olhar para trás.)

Um ano fenomenal. Para mim. e para vocês.


terça-feira, 29 de dezembro de 2009

15

Não me poderia doer menos. É o que constato.

Não me poderia doer menos, o ter estado a teu lado. Criando um forte para nós. Desfazendo os meus nós em prol de algo maior. Porque tu eras algo maior. Ou pelo menos, era como te via. Ou como te observava. Mesmo quando nada fazias. Sim. Não soube acautelar os danos. Espera. A verdade é outra. Convenci-me que por mais danos que existissem, eu seria capaz de tudo. Por algo maior, repito. Por nós. Pelo Amor. que humedeceste no meu peito. Que fizeste crer verdadeiro. Mais do que a verdade imposta, o que se sente. Em que dia do ano é que paraste de sentir. Em que minuto esquecido paraste o teu coração.

Diz-me.

Ou que de forma leviana me retiraste de ti. Ao ponto, de um caminho a sós contigo ser melhor alternativa (devassa) do que lutar numa batalha que eu iniciei por te acreditar. Por me acreditar capaz de ser a tua pessoa. Aquela que nas noites em que as lágrimas te venciam, dizias ser a única que um dia te poderia fazer feliz.

Que preço teve tudo o que coloquei na tua campa. No dia em que não tive medo de dizer que tinhas morrido. Porque alguém teria de te matar. Enforquei-te eu. Para que te engasgasses com as mentiras que deixaste na minha cama.

Certo dia lembraram-me. Que do amor desperdiçado nasce aquele a quem ninguém ousará cortar as amarras.

E se essa não for a minha resposta?
Se do amor desperdiçado apenas cresce o ranço do que encerrei aqui no dentro.


segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Parcialmente copiado daqui

10 musicians/bands you love (no order):

1. Rodrigo Leão
2. The XX
3. Fiona Apple
4. Massive Attack
5. Muse
6. Tegan and Sara
7. Florence and the machine
8. Placebo
9. Feist
10. kings of convenience


9 things you do everyday:


1. dormir
2. fumar
3. beber café
4. ouvir música
5. comer
6. tomar banho
7. conversar
8. falar ao telemóvel
9. ver e-mails


8 things you enjoy:

1. esplanadas
2. palavras
3. beijos na boca
4. massagens nas costas
5. café com cheirinho
6. fumar a meio do jantar
7. dormir
8. ouvir música no caminho até casa


7 things that will always win your heart:

1. empadão da avó
2. o melhor bolo de chocolate do mundo
3. brunch numa esplanada em dia de verão
4. sorrisos
5. noites de sábado debaixo da manta a ver filmes
6. amigos
7. eu


6 favourites:

1. I know - Fiona Apple
2. Estação de comboios de Santa Apolónia
3. Londres
4. cheiro da pele depois do banho
5. coca cola com gelo e limão
6. cookies de caramelo do café Nero


5 smells you enjoy:

1. cappucino
2. pipocas
3. waffles
4. gasolina (lol)
5. segurelha queimada


4 places you want to go:

1. Itália
2. Paris
3. Praga
4. Áustria


3 holidays you love:

1. 8 de Dezembro
2. Ano Novo
3. Páscoa


2 people you’d marry on the spot:

1. hmmm. Casamento de conveniência com o C. e com o R. (um de cada vez. pagar-me-iam pensão de alimentos e quando ambos falecessem eu tinha direito à pensão de reforma deles :P)
2. Ou com a J. (quando o casamento foi permitido em Portugal)

(agora a sério: com ninguém.)

1 wish for 2010:

1. Agir com precaução.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O Cemitério de Raparigas - 1

"Se vejo uma rapariga a apaixonar-se por mim, tiro logo a conclusão acertada: “Olha que pena – mais uma que deixou de gostar de mim.” Faço tudo para dissuadi-la e fujo, mesmo que não seja preciso. É que as pessoas primeiro apaixonam-se, depois amam e, não tarda nada, começam a querer ser amadas também. Porquê? Que não lhes satisfaça só gostar, ainda percebo. Agora que não lhes chegue amar… é inaceitável. Para este género de pessoas, a ingratidão e a gula não têm limites. Quando sofrem, culpam-nos. E, pior ainda, quando estão felizes, atribuem-nos a responsabilidade. No fundo encostam-nos à parede, como quem diz “Estás a ver? Tudo depende de ti.”
Quanto menos depender de mim, melhor para todas as partes envolvidas. Só há uma coisa preferível a ser independente – é ninguém depender de nós.”


Miguel Esteves Cardoso


sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

G




I should have stopped your from walking out the door.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

14


Fechas a porta do quarto à chave. Como se quisesses diminuir o ar que chega do outro lado. Dizes que a janela entreaberta é a única ligação que precisas de ter com o mundo. Porque eu não sou o mundo. Sou mais do que o mundo. Sou um aqueduto antigo que liga uma cidade a outra. Sou especial porque fiquei. Como os monumentos mais antigos.


- É isso, és especial porque de tudo o que partiu, tu ficaste.
- Porque quis ficar.
- Mas nem sempre fazemos o que queremos. E é nisso que eu admiro-te. O teres cumprido até ao fim a tua vontade. De ficares a meu lado.
- Cumpri-me a mim ao permanecer aqui.
- Mas o mundo não morreu. Sabes isso, não sabes?
- Sei. E se morresse e eu não desse conta, faria de mim uma má pessoa?
- Não, não. Podes esquecer-te de coisas importantes. Não podes é desfazeres-te sem delas te recordares.

Vivíamos naquele quarto. Menos horas do que lá fora. Para lá da porta fechada à chave. Saíamos de manhã, como todas as pessoas. Mas só olhávamos em frente. Não reparávamos em mais nada. Nem falávamos. Não. Existiam coisas que só fazíamos dentro daquele quarto. Porquê. Porque escolhemos assim. No trabalho ninguém sabia da outra nossa vida. Do desprezo quase que mecânico pelas restantes coisas. Haviam amigos. Não nos visitavam. Ninguém sabia onde morávamos. Ninguém tinha de saber. Fosse num palacete, fosse numa barraca. A nossa verdadeira morada pode ser secreta. Pode ser o único segredo a viver escondido. Sim, não é fácil de entender. Não o fizemos para ser fácil. ou diferente. aconteceu. Existem coisas que acontecem do nada. sem premeditação. há quem já não acredite nessa possibilidade. nós acreditamos porque foi o que nos aconteceu. foi bonito. por ser algo nosso.

- Hoje cozinhei.
- O quê?
- Tenho de te vendar os olhos. Hoje sou eu que te alimento.
- Não sei. Não insistas quando te digo que hoje é dia de abrir os olhos.
- Não insisto. Mas preciso que os feches.
- Porquê?
- Para melhor saboreares o que te dou à boca.

Decerto que não esperaria ficar tanto tempo. Foi uma surpresa. O tempo permitiu-se nosso. É raro quando isso acontece. O tempo nunca cede. Não oferece nada a ninguém. Connosco aconteceu. Todos os dias avanço mais um dia no calendário. adio a ida. porque haverá uma. eu só não quero que ocorra já. faltar-me-ia o espaço permanente. os dias dos olhos abertos em que teimosamente me alimentas. ou aqueles em que te ancoras em mim porque só assim consegues caminhar de um dia para o outro.

- No fundo, acredito que já não saberia estar aqui sem ti.
- E eu do outro lado de fora. sem ti.
- Sabes-me bem. mesmo quando não te sinto.
- idem.


quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

13

A escrita desencaminhou-se dos meus dias. a sensação de "Porra. tu até escrevias coisas engraçadas." assenta no pensamento, sempre que quero escrever. o querer molestou a escrita e abandonou-a num impasse. era o não querer. o ser tão simples o alinhamento das palavras, que me fazia escrever. agora eu quero, logo não o faço. pelo menos de forma a me reconhecer. a encontrar espaço para me sentar no meio das sílabas e fumar um cigarro à espera que o circuito se retomasse geometricamente.

assim, in casu, o melhor é tentar deixar de inventar. ou re-inventar. ou esquecer a força do querer.

Até já.


Sabe o que me tem apetecido? Escrever-lhe. Cartas. Verdadeiras cartas. Claro que teria de primeiro escrever no computador e depois passaria para o papel. deixei de sentir apego a folhas em branco. razão pela qual colecciono cadernos vazios. o vazio faz-me sentir mais completa. como se outras histórias estivessem para acontecer. com a consciência que no fim dos dias, o vazio pode mais facilmente ser o espelho da alma.


Mas sim. Havemos de arranjar uma morada só nossa. Para onde eu possa enviar as cartas. acho que a força deste querer acaba por ser mais facilmente concretizável. do que outros que por aqui andam.





sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Ida e volta.



Londres, a cidade escolhida para eu fugir por uns dias. Desencontrar-me e encontrar-me. Dizem que no frio é mais fácil. Eu acredito dentro da pouca fé que ainda existe.

Na inércia da despedida, a ilusão de que tudo estivesse diferente ao meu regresso.

Até já.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

.12

Pergunto-me: Existiu algum momento em que as coisas foram fáceis?

25 anos. Cheguei ao mundo real aos 16. Já aqui estou há 9 anos. Não me lembro de ter atravessado o que quer que fosse de forma facilitada. Lembro-me bem dos pedregulhos no caminho, dos sinais proibidos, das curvas nauseadas, das palavras invertidas, das vezes em que pensei desistir. Mas não me recordo de alguma coisa ter sido realizada sem o peso. de forma leve, calma, em paz comigo e com quem iniciou algum trajecto comigo.

Estará a chegar ao momento, em que tenho de assumir que a culpa é minha? Que fiz tudo ao contrário? Que dificultei o fácil por menosprezar o que me é dado sem obstáculos? Acaso, a resposta seja afirmativa. Como voltar atrás? Ou melhor, como desenhar novos trajectos. Como aceitar sem questionar? Sem acrescentar nós? Como dar o passo sem pestanejar? Não sei. Nunca o fiz. Duvido da minha capacidade para mudar. Duvido que se assim o fizesse, continuaria a ser a mesma pessoa. Logo eu, que sou quase-perfeita.

Terei perdido eu a capacidade de me deixar surpreender pelas coisas bonitas da vida? Já estive mais longe. Isso eu sinto. E sei-o.


Mas não, de uma forma ou de outra, eu nunca serei um caso perdido. Serei mais como um tesouro daqueles já raros no meio de um oceano qualquer.

Got it?