segunda-feira, 21 de setembro de 2009

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Acusas-me de já não conversar. De já não te olhar nos olhos e debitar palavras atrás de palavras. Porque é uma das minhas características. O gostar de falar. É coisa que raramente me cansa. Mas agora falo pouco. olho-te pouco nos olhos. e ocorre-te pensar que já não sou eu que estou ali à tua frente. se calhar não sou eu. acontece-me, diversas vezes, no enrolar do meu dia respirar fundo. fechar os olhos e ver-me no meu quarto. de estores fechados. de corpo fechado. de alma erguida pronta a ser esfaqueada. como se qualquer tipo de morte estivesse prestes a recolher-me. para qualquer sítio que não este. porque este já me é demasiado. duro. espesso. acutilante. Não me acresce aqui um tom depressivo. não estou prester a sentar-me na cadeira para fazer psicoterapia. não. eu sei o que a vida é e como ela corre. não quero morrer. não obstante, tantas vezes procuro nos meus olhos a minha presença. a energia. o fogo. a bravura. o desafio. procuro-me incessantemente para me acordar deste escuro que não é meu mas que está em mim.


Prefiro que não me olhes. Que não me vejas. que não tentes decorar os meus movimentos. as minhas angústias. a forma como me encerro nos dias. porque não vale a pena. entendes? por ora, não vale a pena. o teu apoio. a tua companhia. o teu braço colocado sobre os meus ombros. as tuas palavras de conforto. o teu ânimo. o reboliço que fazes quando chegas a casa. ou eu chego a casa e recebes-me cintilante. por isso te digo, não vale a pena. o esforço. a paciência. Esta doença não começou contigo. não é algo teu. ou que eu possa partilhar. nem sei se será algo inteiramente meu. se fui eu que provoquei o diagnóstico. Se desprezei de tal maneira o mundo, que ele acabou de arranjar forma de me esquecer. não é tua esta luta. mesmo que os teus beijos me soem a paz. efémera mas paz. e por tal, significa algo. mas. mas não sei se irá acontecer o dia em que me venhas a reconhecer de novo. como tua. como manhã desprotegida de primavera. ou como manta esquecida pela nossa cama enquanto nua ponderas a roupa do próximo dia.

não sei. e como não sei, não te posso pedir para que fiques.



4 comentários:

  1. epah n sabes mas se keres pede-lhe rapariga...estas terrákias mais complicadinhas k sei lá o kê (tão n sabes, ninguém sabe mas poucos o admitem...)e kuanto a humores "deprê" enfim ninguém só tem lados solares, já ninguém acredita em lados felizes, tds temos os noxos lados lunares, sombrios, n és a unica :)

    kiss kiss aki da alien armada em consultora sentimental lol

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  2. :) Alien, achei imensa piada ao teu comentário.

    E não te esqueças que alguns textos são ficcionados. :)

    Quanto à parte complicada... bem acho que somos todos. Claro que as doses vão variando. :p

    Beijo

    p.s. vou ouvir o veloso a cantar.

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  3. mooostraaa-me apenas o teu lado lunaaarrr ;)

    p.s: mas na ficção pomos smpr um bocadinho (grande) d nós...

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  4. Saudades de te ler.

    Cátia. C.

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