quarta-feira, 23 de junho de 2010

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Existem dias diferentes. Por serem distantes em si. Por serem doridos. Por não conseguir controlar a vontade de me atirar para a cama e dormir. Hoje tive de dormir 40 minutos. Depois do almoço. Porque queria enterrar-me. às vezes, acontece-me isto. Fechar os olhos é também desaparecer. é não pensar. é não controlar. é deixarmos-nos ficar nos minutos em que estamos longe do mundo. eu gosto de, por vezes, ausentar-me do mundo. sair das pessoas. sem deixar marcas. quantas vezes desejei apagar-me e não ser memória. e depois lembro-me que a inconstância dos dias vêm da minha própria turbulência. desta confusão que se amontoa no meu pensamento.

esta semana não estou a trabalhar. e que bom é. é mesmo muito bom. não ter de lidar com pessoas. passo o dia inteiro sozinha. e gosto. entre o estudo e o parar para observar, não me resta tempo para mais nada. às vezes, stresso e vou fumar. às vezes, irrito-me com a ausência de vozes e oiço música. às vezes, fico tão saturada que vou dar uma volta ao quarteirão. livros na mala. coração desarranjado. calças rotas. esta também sou eu . se bem, que já não consigo sair de casa sem os olhos pintados. um risco preto unicamente. não tenho olhos para mais. oiço a minha mãe dizer isto desde que comecei a querer imita-la com as pinturas.

portanto, o dia hoje foi um tormento. as horas demoram a passar. li as cem páginas que faltavam entre muitos bocejos. tive um jantar cá em casa em que descontraí. mas um peso anda a incomodar-me desde hoje. e não sei o que é. não consigo identificá-lo. que irritação. mas depois, tenho uma amiga minha que me diz: já foste ao meu blogue hoje?

E eu não, não tinha ido. e fui logo a seguir que o raio da curiosidade é coisa que não me deixa descansada.

fui e dei de caras com isto:

"Também queres um post? Mas isto é assim de encomenda?...
Bem, minha querida C., o que dizer sobre ti? A alegria da festa? A menina dos filmes? O furacão? O trovão? A tempestade?

Nada disso. Sim, também és isso tudo por vezes (muitas vezes vá), mas és muito mais do que isso.
És alguém (isto é tão mas tão lamechas que te vou bater a seguir), que está lá quando é preciso. Alguém que me telefona simplesmente para saber como é que eu estou ou como me correu o dia.

Apareceste na minha vida de repente e sem eu dar por nada entraste e instalaste-te confortavelmente. Invadiste o meu dia-a-dia como se fosses uma praga (boa claro).
Confesso que apanhaste-me desprevenida e nem tive muito tempo para pensar no futuro da nossa amizade, o que não é de todo comum em mim. Sempre "escolhi" os meus amigos a dedo. Mas tu escolheste-me e desde o início (quando ainda andávamos a descobrir outras coisas também elas boas) disseste que podíamos ser amigas. Na altura eu pensava para mim: "Epa tem lá calma contigo porque, apesar de saberes da minha existência desde criança, no fundo não me conheces". Mas admirei as tuas certezas e a tua assertividade e lá fui eu.

É claro que não é preciso dizer-te como é bom o facto de teres entrado na minha vida e o quanto ela mudou com isso. Soltei-me mais, limpei preconceitos e inseguranças e inspirei-me em ti.

Sim, és completamente maluca e alucinada, mas admiro a tua força e a tua coragem. Gosto do facto de seres tão transparente (pelo menos para mim). E mais, para mim, uma amizade como a tua, é daquelas que não se fazem todos os dias e que eu quero e vou sempre tentar preservar.

Queria agradecer-te por também teres aberto as tuas portas mesmo sem saberes bem quem ia entrar. Por confiares em mim e pelo carinho (ainda que tu não sejas pessoa de mimos) que me dás.

Obrigada minha querida* Amo-te muito *"

E de repente, os sorrisos em fila indiana. Não consigo resistir em contar, dois coisas engraçadas, sobre nós. Em bébés (disse-te a tua mãe) tu fugias de mim. Na preparatória fomos da mesma turma. Tinhas medo de mim. No secundário fomos da mesma turma e não falavamos. Anos depois, reencontramos-nos no arraial. Olhamos e fizemos aquele ar, de ah que giro estás por cá. surgiu um olá tímido. Em Agosto de 2009, reencontramos-nos e olha lá para nós agora. Quem diria, hein? quem, quem? Depois de um mês fulminante em que eu dei cabo da tua energia, fizemos-nos amigas. Eu bem que te disse que seríamos as novas melhores amigas. Eu e as minhas certezas. A R. (a minha, não a nossa), disse-me domingo que detestava pessoas com mania. E eu perguntei-lhe se ela me detestava. Resposta: Tu não tens manias, tu tens certezas. Portanto, a certeza relativamente à nossa amizade, estava correcta.

Já não sei estar sem ti. Sem as chamadas diárias. Sem o corropio para te contar as novidades. Ou ir ter a tua casa, para pedir-te mimo. Para além de me teres trazido a ti, trouxeste-me o novo grupinho, que já considero meu também. Somos todas umas relíquias (ai a pirosice, enfim, menor do que a forma como terminas o teu post). Para não repetir a graça, que sei que fizeste propositadamente, digo-te que gosto tanto tanto de ti.

P.s. Já que hoje novamente me disseram que eramos idênticas, podemos oficialmente considerarmos-nos manas :)

1 comentário:

  1. Que foleirada raparigas!!!! LOL
    (adorei. É verdade, verdadinha, somos umas relíquias!)

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