quarta-feira, 14 de abril de 2010

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Se tu existisses ainda na minha vida, abanarias a cabeça sempre que te contasse os novos episódios da minha vida ao mesmo tempo que me dizias que eu não sei parar. não sei estar quieta. levo tempo a mais para assumir outra rua que não esta que mais do que gasta é desperdício. Sim, se estivesses aqui era o que farias. Tu que tão bem me conheces.

Vi uma foto tua antiga. Do tempo em que o teu ombro era o meu amparo. E as tuas palavras o prolongar do meu sorriso. Ainda te choro mesmo que as lágrimas não caiam. Ainda te trago em mim tão presente que não é estranho parecer que te vejo ou que te oiço. A única fase da minha vida em que eu não senti necessidade de ser só. foi quando tu estavas perto de mim. E agora quando me vejo deferida em sangue chamo por ti para que me tires deste buraco. Para que digas as palavras certas, aquelas que de tão certas me afastariam dos becos sem saída.

Isto de ser só depois de ti é tão complicado. E deprimente. Preciso de te ouvir dizer: Mas ainda estás a perder tempo? Tu? Constróis a história na tua cabeça e depois persistes nessa estupidez até seres completamente destruída? Essa é a tua opção. Desprovida de qualquer sentido. Estás, continuas porque queres. E se cais a culpa é tua. Há um tempo para tudo. Depois de ultrapassado é despeito por ti própria. Portanto, faz o que tens a fazer mas salva-te.

É isso que vou fazer. Salvar-me. E para isso digo-te adeus.

Peço desculpa por todas as vezes que te magoei. Mas não te peço desculpa pelas vezes em que te chamei cobarde. Não se deve pedir desculpa pela audácia de dizer a verdade.

Induziste-me não só a mim em erro. Persistes em algo que não te completa. Enganas-te a ti própria. Escolheste o caminho mais fácil e será esse caminho que um dia tirar-te-á os pés da terra segura. Todas as pessoas vão a algum lado. Mais dia menos dia, minha querida. E aqui volto a dizer-te: foi a tua escolha. e a ti a mesma deve ser única e exclusivamente imputada.

Lembras-te das nossas primeiras conversas? Em que dizias ser incapaz de fazer exactamente o que estás a fazer agora? Pois bem. Saberás tu melhor do que ninguém conviver com isso.

Não, não te estou a libertar. Estou a salvar-me de mais um episódio de destruição maciça.

Estou a abrir-te a porta para deixares de pensar em mim. Para deixares de sonhar. De imaginar. A história que também tu construíste. Desiludi-te? Melhor ainda. Terás o caminho facilitado. É disso que tu gostas.

Agora deixa que te diga o seguinte: Tiveste todas as oportunidades para fazeres a diferença. Todas. E deitaste tudo a perder. Mas sim, o excepcional é não cair no comum erro do comodismo. É aceitar a mudança desejada e assumi-la. E não ter medo do que pode correr mal. É isto que é viver. E numa coisa tens razão, eu não te levaria ao colo para sítio algum. De convencional e comum tenho muito pouco. E não estou aqui neste rodopio a que deram o nome de vida para facilitar ou aceitar tudo e mais alguma coisa.

E ao contrário do que possas pensar, eu quero que tu sejas feliz. Embora não duvide que o pudesses ser mais comigo. Aliás, ambas concordámos neste ponto.

See you.