quinta-feira, 22 de abril de 2010

.34

Para a Piu.

Hoje escrevo para ti. Porque era uma ideia que já tinha em mente. Porque surpreendeste-me. Porque eu de limites percebo muito, por tantas vezes os ter atropelado. Por nunca estar demasiado distantes deles. E admiro quem consegue ultrapassar os seus próprios limites. Não porque seja o melhor a fazer mas sim porque por vezes razões que trazemos por dentro ditam essa batalha. É uma batalha. Sei que o sabes. Sei que não foi fácil e sei que nem agora é fácil de lidar. Porque existem danos. Noites mal dormidas. Lágrimas. E tanto mais.

Por gostares de mim, levaste-te ao limite. Por me quereres ver bem, esqueceste-te de ti. Por não me conseguires ver a sofrer foste interveniente numa história que só trouxe desilusão e derrota. Ajudaste-me. Estiveste perto. Continuas a estar. Continuas a querer ver-me bem mesmo sabendo que não ficaremos juntas. Já sabias antes. E mesmo assim queres estar perto. E dar-me-ás a mão quando eu precisar porque em última instância preocupas-te com a minha felicidade. E isso, é raro. Porque mesmo quando se gosta tentamos salvar-nos a nós próprios. Porque no final do dia é isso que devia importar. Fazemos o melhor para ficarmos bem. Afastarmos o que nos dói. Quem nos desilude. Quem desiste de nós. E tu tomaste o caminho inverso. Optaste por querer ver-me feliz. Mesmo que a minha felicidade não fosse causa para a tua felicidade. Não te importaste. E isso, minha querida, é inefável. É ser altruísta. E digo-te: não é cuidares de ti.

Porque existem limites que mesmo depois de ultrapassados têm de voltar a ser limites. Porque por mais que me queiras ver feliz tens de cuidar de ti. E protegeres-te. E seres sempre a tua primeira escolha. É bonito sim. é incalculável. é puro. Mas não é tranquilo. Não é a melhor forma de te sossegares e preocupares-te com a tua própria felicidade.

E portanto tinha de te escrever. Para te agradecer o que fizeste. Por teres tentado obter um resultado condenado à partida. Mas tentaste. E também tu lutaste. E permaneces-te do meu lado. Sempre disponível para me amparares a queda.

Fizeste mais do que devias. E mais do que podias. E mesmo assim agiste. De ti nada era esperado. Mas agiste. E deste-me a mão. Não sei como agradecer. Não sei sequer se o teu gesto e a tua postura são passíveis de agradecimento. Por serem tão grandes em si.

Obrigada. Por não me teres deixado passar por isto sozinha. Obrigada por acreditares em mim. Por gostares de mim como gostas. E por me protegeres.

Mas agora tens de cuidar de ti. Tu sabes que sim. E tens de encontrar a tua felicidade porque ela está aí. Tens de lutar por ti, agora. Por mim já fizeste o que podias ter feito. Mais do que isso, tu sabes.

E não, eu não me esquecerei.

Obrigada.

Sem comentários:

Enviar um comentário