Entramos num novo dia. Sei-o não porque sinta mas porque olhei para o relógio. Estava deitada de luz acesa. Às vezes acontece-me fazer isso. A luz sob o silêncio e eu. E eu. Não conseguia dormir. Ando com dificuldades em adormecer. E a acordar. Sim, provavelmente custa-me mais acordar. Sempre foi assim. Existem fases em que tenho vontade de acordar. E sorrir. Nessas alturas desfilo nos meus trajectos. Sinto-me leve. Sorridente. Sim, por vezes, tenho o privilégio de me sentir assim. Nos tempos que correm é um privilégio. Estou na cozinha. As insónias trouxeram-me aqui. Abri o frigorífico já perto de vazio. Tirei uma cerveja. Acendi um cigarro. Nos entretantos, liguei o computador. Abri a janela e coloquei Pearl Jam. Just breath. Sim. Por vezes, é só isso que precisamos. De respirar. Para sabermos que aqui estamos. Que continuamos aqui. Que aconteça o que acontecer continuamos aqui. Esta casa resume-se a escombros. Tenho caixotes, sacos do Ikea cheios de coisas. Tenho uma lista telefónica desfeita em cima do fogão. A loiça está lavada. Já não cozinho. Deixei de querer cozinhar nesta casa. Quando saí do trabalho fui ao supermercado abastecer-me. Comprei daquela comida que se aquece no microondas e sacos de salada. Também comprei iogurtes. E água. Tenho ali latas de atum. Até Sexta-feira fico bem. não passarei fome.
Poderia pensar que tinha de dormir mas não consigo. Penso antes na quantidade de coisas que tenho de fazer. E nisto, neste decorrer de dias aprendo a reencontrar-me comigo. Mesmo que sinta que não sou bem sucedida. Não estou a sê-lo. Também falho. É verdade. Ultimamente falho muito. Tenho a sorte de ter à minha volta pessoas que gostam de mim mesmo quando falho. Vou passar de uma casa vazia para uma casa cheia de gargalhadas, sorrisos, mimos. Isso faz-me ficar bem. mas ainda estou nesta casa. Nesta casa vazia, desarrumada, e cheia de escombros. É como se isto fosse uma travessia. O ir de uma casa para outra. A última vez que mudei de casa estava acompanhada. Agora também estou. Mas na altura estava de coração cheio. É diferente. Poderia ser uma mentira mas não existe sempre um pouco de verdade no que não é verídico? Parece-me que sim. Estava de coração cheio. Lembro-me da sensação. Mas ao longe. Está muito ao longe. Entretanto passaram dois anos. O coração começou a esvaziar-se à medida que o tempo ia passando. Agora é longe. Sei identificar a distância. Sei identificar tudo o que mudou em mim. as marcas que ficaram. O reencontro comigo. A vida também é isto, não é? mais do que o reencontro com as pessoas o reencontro connosco próprias. Todos os dias são uma batalha. Feliz ou menos feliz. Tenho razões para ser feliz. Agora tenho tantas. Mas o coração continua vazio. Do corpo não falo. O corpo é mais fácil de lidar. Sempre foi. Há um caminho entre o que sente o coração e o que sente o corpo. O corpo não me assusta. O coração também não. É aceitar o estado de esvaziamento. E com o tempo deixamos de questionar se é temporário ou se o tempo já o levou e passou a ser definitivo. Não gosto de coisas definitivas. Para isso, basta saber que a morte está sempre a um passo de nós. Não é preciso mais. Basta essa certeza. Mesmo a mim que sempre me tentei rodear de certezas. Se calhar estou a perder o jeito. Será? Acontece-vos nos novos dias deixarem de saber quem são? Nem que seja por minutos. Aquela sensação de desconhecimento. A mim sim. Confesso. Gosto de confessar. O acto de o fazer é bonito. Confessar algo. Mesmo que doa. Posso confessar que estou dorida. Não sei de quê. Talvez de levantar caixotes mesmo que poucos. Mas há um peso. Por isso, sinto os braços doridos.
Hoje perguntaram-me: quando é que vais parar? Perguntaram-me isso. Quando é que eu ia parar. Não soube responder. Não consigo pensar nisso agora. Sinto que parar não é resposta. Não posso parar. Não quero. Preciso de me ocupar. E portanto, invento coisas. Estou a escrever como se estivesse a inventar. Uma tentativa de enganar o tempo. E portanto, escrevo. Não paro. O texto já é grande mas eu preciso de continuar. Porque o tempo conta-se nos segundos. E daqui a pouco é manhã. Amanhã já sei que vou estar melhor porque vou estar ocupada até ser um novo dia. Hoje tive mais tempo. Não posso ter tempo agora. Preciso de não pensar e de me ocupar. Quero muito que chegue ao fim-de-semana para estar fora desta casa. Não me vou despedir. Vou fechar a porta e pronto. Fecha-se este capítulo. E depois é fim-de-semana. E dançarei e chegarei a casa bem de madrugada. E sei que vou deitar-me e dormir logo. É disso que preciso, cansar-me ao ponto de não conseguir pensar. E se pensar, no dia a seguir não me recordo. Absolutamente de nada. gosto da palavra funcional. E lembro-me que eu não estou funcional. Eu não funciono. É como se estivesse em piloto automático. Eu quero funcionar. Sei que sim mas agora é demasiado complicado. Portanto, deixem-me estar. Saberei resolver este estado. Não sei que estado é este mas sei que vou resolvê-lo. Porque não posso continuar assim. Tenho consciência. E aí saberei parar. Certo? Parece-me que sim. Saberei parar e perceber que é preciso mais do que respirar para me sentir a viver. mas reparem eu tenho razões para ser feliz. Eu sei que tenho. Só que agora não sei situar-me nestes dias. É uma questão de tempo. Mais um dia ou outro e aprenderei a situar-me. É um novo ciclo. Novos ciclos são bons. Mas sim eu tenho razões para ser feliz mas neste momento não me consigo sentir assim. Feliz.
Poderia pensar que tinha de dormir mas não consigo. Penso antes na quantidade de coisas que tenho de fazer. E nisto, neste decorrer de dias aprendo a reencontrar-me comigo. Mesmo que sinta que não sou bem sucedida. Não estou a sê-lo. Também falho. É verdade. Ultimamente falho muito. Tenho a sorte de ter à minha volta pessoas que gostam de mim mesmo quando falho. Vou passar de uma casa vazia para uma casa cheia de gargalhadas, sorrisos, mimos. Isso faz-me ficar bem. mas ainda estou nesta casa. Nesta casa vazia, desarrumada, e cheia de escombros. É como se isto fosse uma travessia. O ir de uma casa para outra. A última vez que mudei de casa estava acompanhada. Agora também estou. Mas na altura estava de coração cheio. É diferente. Poderia ser uma mentira mas não existe sempre um pouco de verdade no que não é verídico? Parece-me que sim. Estava de coração cheio. Lembro-me da sensação. Mas ao longe. Está muito ao longe. Entretanto passaram dois anos. O coração começou a esvaziar-se à medida que o tempo ia passando. Agora é longe. Sei identificar a distância. Sei identificar tudo o que mudou em mim. as marcas que ficaram. O reencontro comigo. A vida também é isto, não é? mais do que o reencontro com as pessoas o reencontro connosco próprias. Todos os dias são uma batalha. Feliz ou menos feliz. Tenho razões para ser feliz. Agora tenho tantas. Mas o coração continua vazio. Do corpo não falo. O corpo é mais fácil de lidar. Sempre foi. Há um caminho entre o que sente o coração e o que sente o corpo. O corpo não me assusta. O coração também não. É aceitar o estado de esvaziamento. E com o tempo deixamos de questionar se é temporário ou se o tempo já o levou e passou a ser definitivo. Não gosto de coisas definitivas. Para isso, basta saber que a morte está sempre a um passo de nós. Não é preciso mais. Basta essa certeza. Mesmo a mim que sempre me tentei rodear de certezas. Se calhar estou a perder o jeito. Será? Acontece-vos nos novos dias deixarem de saber quem são? Nem que seja por minutos. Aquela sensação de desconhecimento. A mim sim. Confesso. Gosto de confessar. O acto de o fazer é bonito. Confessar algo. Mesmo que doa. Posso confessar que estou dorida. Não sei de quê. Talvez de levantar caixotes mesmo que poucos. Mas há um peso. Por isso, sinto os braços doridos.
Hoje perguntaram-me: quando é que vais parar? Perguntaram-me isso. Quando é que eu ia parar. Não soube responder. Não consigo pensar nisso agora. Sinto que parar não é resposta. Não posso parar. Não quero. Preciso de me ocupar. E portanto, invento coisas. Estou a escrever como se estivesse a inventar. Uma tentativa de enganar o tempo. E portanto, escrevo. Não paro. O texto já é grande mas eu preciso de continuar. Porque o tempo conta-se nos segundos. E daqui a pouco é manhã. Amanhã já sei que vou estar melhor porque vou estar ocupada até ser um novo dia. Hoje tive mais tempo. Não posso ter tempo agora. Preciso de não pensar e de me ocupar. Quero muito que chegue ao fim-de-semana para estar fora desta casa. Não me vou despedir. Vou fechar a porta e pronto. Fecha-se este capítulo. E depois é fim-de-semana. E dançarei e chegarei a casa bem de madrugada. E sei que vou deitar-me e dormir logo. É disso que preciso, cansar-me ao ponto de não conseguir pensar. E se pensar, no dia a seguir não me recordo. Absolutamente de nada. gosto da palavra funcional. E lembro-me que eu não estou funcional. Eu não funciono. É como se estivesse em piloto automático. Eu quero funcionar. Sei que sim mas agora é demasiado complicado. Portanto, deixem-me estar. Saberei resolver este estado. Não sei que estado é este mas sei que vou resolvê-lo. Porque não posso continuar assim. Tenho consciência. E aí saberei parar. Certo? Parece-me que sim. Saberei parar e perceber que é preciso mais do que respirar para me sentir a viver. mas reparem eu tenho razões para ser feliz. Eu sei que tenho. Só que agora não sei situar-me nestes dias. É uma questão de tempo. Mais um dia ou outro e aprenderei a situar-me. É um novo ciclo. Novos ciclos são bons. Mas sim eu tenho razões para ser feliz mas neste momento não me consigo sentir assim. Feliz.
Did I say that I need you?
Did I say that I want you?
Oh, if I didn't I'm a fool you see
No one knows this more than me
As I come clean...
I wonder everyday, as I look upon your face,
Everything you gave
And nothing you would save, oh no
Nothing you would take
Everything you gave...
Did I say that I want you?
Oh, if I didn't I'm a fool you see
No one knows this more than me
As I come clean...
I wonder everyday, as I look upon your face,
Everything you gave
And nothing you would save, oh no
Nothing you would take
Everything you gave...
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