terça-feira, 14 de julho de 2009

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Existe um tempo de escuridão dentro de mim. Um tempo de clausura. De sentir amordaçado. Incumbência de solidão. Ração interdita aos sonhos. Muros esguios que traçam o limite do espaço a ocupar. Sim. Existem em mim óvulos crescentes de negritude. De sufoco extremo. De dor irremediável. Existe um poço incurável de contraditório. Um mundo selvagem inconquistável.


Portanto não me peças que me dispa. Que te mostre a matéria de que sou feita. Não me peças que te disponibilize. Que te deixe folhear o que tento adormecer. O que pretendo alienar.

Não o farei. Não o permitirei.

Não queiras explorar o que de menos bonito trago. Sequestrado no peito.

Mas senta-te. Tenho duas almofadas que podem ser tuas. Um abraço que não foge e se molda ao teu corpo.

E tens a minha janela que assedia a noite pela cidade. O esboço tardio da lua sobre o meu corpo. Tens-me a mim como testemunha. Já o sou. Sei-o melhor do que tu. Há tanto que sei melhor do que tu. Sou os olhos que disputam a cegueira. Que embatem o muro e ultrapassam-no.

Não, não tenhas dúvidas.

Querendo, eu sou o tudo.

Serei o teu tudo.

1 comentário:

  1. hey todos somos feitos d alguma (muita) matéria negra, é como diz o cantor: "mostra-m apenas o teu lado lunar, k c lados felizes eu já n me iludo" :P

    welcome back girl

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