Isto é para ti. Tu sabes quem és. Poderia identificar-te mas depois parte da tua vida perfeita iria a abaixo e longe de mim desejar isso. Ou pelo menos, ser eu a provocar esse efeito. Se não fosse eu a fazê-lo, certamente não serias tu. Portanto, vamos deixar a tua vida perfeita intocável. Que se foda a minha. Não me importo. Aliás, hoje o propósito deste post é apenas um. Não precisas mais de tentar culpar-me por isto e por aquilo. Não. Nem eu vou culpar-te. Já chega, como tu dizes. Sim. Chega de discussões sem fim. Chega de palavras nunca concretizadas em gestos. Chega de sonhos perfeitos. Chega de esperar e esperar por uma atitude tua. Chega de ouvir coisas que só magoam e que não são justas ou coerentes. Chega de tentar destruir o que de bom trago no peito. Neste coração que deveria ser arrancado. Entendes? Chego ao ponto de desejar que me arranquem o coração. Porque assim iria embora sem pensar duas vezes. Sem me remoer. Sem medo ou receio. Sim. Se não tivesse coração, nem teria ficado um dia que fosse. Consegues entender isso? Ou achas que apenas digo o que digo para te magoar? Mal não faria, se comparado ao mal que me causaste. Mas vá, não quero que me acuses novamente de te fazer sentir pior. Sim. Já estás a sofrer muito, não é? Porque me sentes a ir embora. Dizes tu. Que te assusta o facto de sentires que estou a ir embora. Pois bem. E fazer alguma coisa para evitar isso? Não, não se faz. Piora-se tudo. Mas agir? Não. O agir deve estar a dormir a sesta, não o vamos importunar.
Mas dizia eu que o mote deste texto não era culpar-te mais. Não. Se consegues ouvir o que eu digo, e dar-me razão e mesmo assim continuas impávida, então é porque de facto existem orelhas surdas que acenam que sim mas continuam surdas. Isto sem qualquer despudor com as pessoas que efectivamente não conseguem ouvir. O objectivo é responsabilizar-me e assumir a culpa que tive nesta história. Então vamos lá. Sem medo ou receio:
Tens razão. Afastei-te. Verdade. Afastei-te e como te afastei começaste a namorar outra pessoa. Pois é. Que erro crasso o meu. afasto-te e tens logo a segunda opção à porta (que antes era a primeira, não foi?). Ter uma segunda opção é algo muito bom, não é? Comodismo e segurança ao máximo. Isto é ser esperto. Tenho de começar a pensar nisto. Mas como sou exagerada se calhar escolho logo três opções e deixo-as à espera. Deixar os outros em espera é muito bom. Portanto, sim afastei-te. E perdi-te para os braços de outra que estava à espera. Claro que na altura nem fazia muita ideia que gostavas de mim. Achei apenas que era algo mal resolvido. Podia ser, mesmo com tão pouco tempo. Havia ali qualquer coisa que tinhas de descobrir e eu também. Mas eu assustei-me e disse-te para ires. E foste e tiveste o quê, quinze dias feliz? Depois voltaste e assumiste que tinhas que me esquecer. E pronto. Lá nos aproximamos. E enterramos. E discussões e não sei mais o quê. Como que um vício. Será que é isso que somos um vício?
Depois pediste-me para esperar. Enquanto não voltavas, pediste-me para esperar. Que irias tomar a tua decisão. Ora bem, esperar é comigo. na boaaaaa! Eu adoro esperar. É daquelas coisas que quem me conhece, sabe que eu adoro. Até sou tão paciente, não é? Sou um mimo. Eu esperei uns dias e depois qual quê, não espero mais. Pronto. Novamente. Quantas chibatadas por este facto? Umas vinte? Se calhar não chega. Sim, a culpa foi minha. Porque eu deveria ter esperado. Não esperei. Portanto, não agiste. a culpa é minha. Porque se eu tivesse esperado, tu agirias. Nem que tivéssemos já uns 70 anos. Eu deveria era ter esperado. E olha, mais uma vez perdi-te.
Depois novamente, uma aproximação. depois novamente um afastamento. Andamos nisto uns meses, certo? Mas a culpa foi sempre minha. Só nos afastávamos porque eu saturava-me do tal esperar, e bla bla. Sim, como não esperava tu não podias agir. É a tal situação do causa efeito, parece-me. Daqui só podemos concluir, que se tu não agiste a culpa foi sempre minha. Eu é que não entendia, eu é que não sabia esperar, eu é que tratava mal, eu é que não demonstrava porcaria nenhuma. Sim, assumo de forma integral toda esta minha tão penosa culpa.
Certo dia, as coisas mudaram. Num período em que quase mal falávamos. Que aconteceu no seguimento de um em que me disseste que irias agir e depois claro está não agiste. Mas aí tão não tiveste culpa. Quem é que iria querer começar uma revolução, quem? Quem no seu inteiro juízo? Pois, ninguém. A tal história do romantismo morreu, morreu. Portanto, vamos é continuar a viver a nossa vida perfeita que ela será certamente eterna. Mas dizia eu, certo dia, como que uma surpresa resolveste agir. Preparaste uma surpresa. e voilá, nesse fim-de-semana eu fui para o Algarve. Eras tu a ligar-me para me fazeres uma surpresa e eu já a caminho. De quem é a culpa? Minha, claro. Porque é que eu fui para o Algarve? Devia era ter-te perguntado: é neste fim-de-semana que vais agir? Era o que devia ter feito. Não fiz. Portanto a culpa é minha. Ora bem. Mas como tinhas preparado tudo, eu resolvi acreditar mais uma vez. Acreditar que era desta. Sim, tudo agora se vai resolver. Só podia. Depois de tanto desencontro. Era agora. A fé total depositada em ti. Em ti, minha querida. Mas volvidas duas semanas, eu fechei mais uma vez a porta. E aqui, novamente, mea culpa. Como fechei a porta, tu não vais agir e portanto, tudo me é imputado.
Eu posso ser culpada em tanto. Posso. Mas de várias coisas não posso sê-lo, nomeadamente:
Das inúmeras oportunidades que te dei.
Das vezes em que te disse para falares comigo sobre o assunto tabu.
Do tanto que te avisei sobre a tua postura e do quanto isso me afastava.
Dos gestos, dos gestos que te pedi.
Dos gestos que te entreguei.
Da dedicação, do tempo esperado, do latim gasto.
Do acreditar, contrariamente ao que tu dizes, eu cegamente acreditei em ti e por tal, o tamanho desta queda.
De todas as pistas que te dei para chegares até mim.
Da clareza com que te expliquei timtim por tintim de como me estavas a perder.
Não tens ou melhor, não poderás ter o que apontar a mim. Porque o que eu tolerei, aguentei foi mais do que tu algum dia terias aguentado, caso estivéssemos em posições opostas. A diferença é que eu nunca teria estado na tua posição. E tu sabes isso. Tu sabes como eu te teria poupado. Como eu te teria protegido. E como eu nunca permitiria perder-te ou que fosses embora de coração partido. Sim, claro está, o quanto somos diferentes.
Mas sim, a culpa é toda minha. Por durante tanto tempo me terem sido suficientes as palavras, tantas e tão bonitas, contrapostas com um total abstinência de gestos. Por ter acreditado em ti durante tanto tempo. Acreditado que o melhor que tu tinhas, aquilo que eu mais gostava em ti se sobrepusesse ao que pior tdeténs. E um dia, minha querida, um dia tu irás perceber como é triste esquecermos-nos de nós, em prol dos outros. Tu que durante toda a tua vida o fizeste. E na altura em que seria tão óbvia a escolha por ti, pelo que TU querias, pelo que TU gostavas, tu deixaste-te ficar na tua vida perfeita, cheia de mentiras e frustrações. Pois bem, como te disse hoje, eu assumo a minha culpa e deixo-te ficar no mesmo lugar de onde nunca saíste.
É, eu desisto. De ti. De nós.