terça-feira, 18 de maio de 2010

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Pois é. Hoje é um dia importante. A lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo foi promulgada, pelo Presidente da República que o fez contra as suas convicções pessoais. Disse-o. E manteve-o claro em toda a sua comunicação. E salvo o devido respeito, estou-me bem a lixar para esse facto. Até porque também é contra as minhas convicções pessoais aturar pessoas que acham que os homossexuais não precisavam deste direito, porque a instituição casamento não foi criada para eles. Não. Foi criada para aqueles que podem procriar, porque esse é o mote principal do casamento. Não o amor, a união entre duas pessoas, não a vida que querem ter em conjunto. Não. O objectivo é a procriação. Sim, não sei se sabem, que quando um homem e uma mulher copulam fazem-nos não por desejo, prazer, amor, paixão mas sim porque querem ter filhos. É o que a Igreja defende. E ao que parece não só a Igreja o faz. Portanto, os casais inférteis não são tão dignos. Ouvi um dia dizer. Se calhar, estão a pecar porque copulam mas não podem ter filhos. Enfim. Poderíamos fazer uma compilação bastante numerosa de relíquias que saem da boca de certas criaturas. Claro que fazem questão de dizer que não são homofóbicos. Não, isso não. Tal como não o é o Prof. Jorge Miranda quando diz: "Os homossexuais têm todos os direitos dos cidadãos portugueses, inclusive o direito de casar. O que não podem é casar com pessoas do mesmo sexo.". Perceberam? Não, não há discriminação. Só nos põem a um canto. Mas não há qualquer desrespeito, ofensa, desigualdade. Como dizia ontem uma Caríssima, têm é medo. Pois bem.

Mas sim, poderemos então encerrar este assunto. O casamento foi promulgado. Um brinde a este feito. Mas óbvio será constatar que a luta não pára aqui, muitas outras estão em marcha, ainda estamos a anos luz de poderemos declarar que sim, não há discriminação, os direitos são iguais para todos. Anos luz.

Não obstante, não posso deixar de me mostrar um pouco ressentida sobre uma questão. Poderei casar com uma mulher, certo? Certo. Mas se casar não poderei adoptar uma criança. Porque deixo de ser solteira. E enquanto casal tal não é permitido. Sim, posso ir a Espanha engravidar. Ou a minha companheira. Claro que sim. E aquela que não é mãe biológica, como é que vê os seus direitos reconhecidos? De que forma? Se tal não é reconhecido no nossos sistema jurídico? Já estou a ver os tribunais a serem invadidos com este e outro tipo de questões. Pode ser que se mexam.


Enfim. Salvé. Hoje é dia para comemorar. Vou ali ao sushi e já volto.


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